domingo, 5 de agosto de 2012

ídolos ~ o que acontece aos vencedores?


vencedor da primeira edição do Ídolos
em 2003

Nove anos e três álbuns depois, o vencedor da primeira edição do Ídolos vai emigrar para o Brasil.

A televisão não está no topo de preferências de Nuno Norte, nem para ver nem para ser visto. “A minha vida não é televisão, eu sou músico. Não preciso de aparecer na TV para fazer música”. 

Depois de ter participado no Ídolos, em 2003, foi gradualmente deixando de ver o programa. Acredita que estes formatos televisivos “são como os filmes do Rambo. O primeiro é o melhor, depois acabam por se tornar mais do mesmo”.

Para Nuno Norte, a participação no programa foi uma “porta aberta para novos projectos”. Contudo, o vencedor da primeira edição portuguesa faz questão de destacar que “tudo não passa de um programa de televisão”. Para ele, é clara a ténue linha entre fama e sucesso: “o Ídolos é um caminho rápido para chegar à fama, não ao sucesso.”

Com o desenvolvimento de projectos próprios, Nuno Norte sente que, aos poucos, o seu nome se vai emancipando dessas três palavras. Mas não esquece as oportunidades que lhe proporcionaram: “se eu não tivesse ganho o Ídolos provavelmente nunca seria convidado para a Filarmónica Gil”.

A receita que Nuno Norte pôs em prática, também a passa aos outros: trabalhar, trabalhar mais e trabalhar sempre melhor. “Não é suposto vencer o Ídolos e ficar à sombra da bananeira à espera do sucesso. Há que mostrar logo trabalho”. O disco que gravou como prémio do concurso demorou quase um ano e meio a sair. “Foi tarde de mais, acabou por não ter muita repercussão. Além do mais, só tinha quatro originais meus e algumas covers que cantei em galas e me pediram para incluir.” Actualmente, tem três discos lançados e está a finalizar outro “num estilo mais pop e reggae, com espírito de Verão”.

Com vontade de viver com sol, praia e música 365 dias por ano, Nuno Norte prepara-se para “seguir o conselho de Passos Coelho e emigrar”. Casado com uma brasileira, o seu destino ideal só podia ser um. “Vou cá deixar o álbum e, depois do Verão, vou para o Brasil”. Na mala leva a vontade de por lá fazer ouvir a sua música, abrir um bar na praia onde possa actuar e percorrer o país em digressão. O primeiro ídolo de Portugal promete ainda levar bilhete de volta: “Quero continuar a trabalhar em Portugal.”




vencedor da 2ª edição do Ídolos
em 2004

“Depois de ganhar o concurso, jurei a mim mesmo que ia mostrar às pessoas que valeu a pena acreditarem em mim”, afirma Sérgio Lucas. O resultado imediato dessa promessa foi o lançamento de um LP com dois originais seus. 

O álbum Até ao Fim sairia cerca de dois anos mais tarde. A produção esteve a cargo de Luís Jardim, um dos jurados do Ídolos. “Ele desempenhou um papel muito importante no início, até porque assim estava estipulado no contrato”, sublinha.

Não obstante ter um disco editado e toda a notoriedade que envolve um vencedor do Ídolos, Sérgio Lucas tinha os pés bem assentes no chão. “Juntei originais meus e covers e percorri bares, discotecas e festas locais sozinho, porque na altura não ganhava para pagar a músicos”. Do programa de televisão, Sérgio Lucas trouxe a garantia de gravar um álbum. Depois disso, estava por sua conta. “Temos tudo quando estamos no Ídolos e depois, quando saímos, voltamos à estaca zero. Começamos ao contrário”, refere.

“O importante é que as rádios gostem das músicas, ter um tema numa telenovela ou entrar num top” afirma o cantor. Do primeiro álbum de Sérgio Lucas, os singles Qual a cor e Amantes Fugitivos integraram a banda sonora de telenovelas da SIC. Já a relação com as rádios não se revelou tão positiva e ficou-se pelas emissoras regionais. “Nunca consegui pôr a minha música em rádios com a RFM ou a Comercial, mas fiz alguns jingles ”. Entre 2008 e 2009, Sérgio Lucas gravou spots e separadores para a Rádio Comercial, sob a direcção de Pedro Ribeiro.O facto de ter vencido o Ídolos não livrou Sérgio Lucas de passar pelos procedimentos comuns de quem se quer afirmar no meio artístico: “Tudo o que consegui fiz sozinho, desde ir a castings a bater às portas de editoras e rádios para mostrar o meu trabalho. Preciso de quem me ponha a trabalhar”.

Sérgio Lucas conta já com diversos musicais no currículo como Camaleão Virtual Rock (onde participou antes do Ídolos) ou Sexta-Feira 13, encenado por António Feio. Pela mão de Filipe La Féria foi Snowboy em West Side Story e Simão Zelotes em Jesus Cristo Superstar.“Cada vez que ganhava algum dinheiro com os musicais ia para estúdio e gravava temas novos”, revela. O seu segundo álbum, Vícios (2010), é o resultado desse investimento.

Se lhe perguntarem por fama, Sérgio Lucas responde com outra pergunta: “O que é ser-se famoso?” O cantor acredita em trabalho e assume que a fama não é o seu objetivo final. “Tudo é tão passageiro, nunca me deslumbrei, nem durante nem depois do Ídolos”, revela o cantor para quem “a fama tem que ser uma consequência do nosso trabalho”.

Actualmente, Sérgio Lucas está em tournée e prepara um novo disco, cujo lançamento “depende de quanto tempo demorar a juntar o dinheiro para o editar”. Durante o Verão, as suas músicas novas vão fazer-se ouvir pelo país fora. Certo é o final de cada um dos seus concertos. A música Sou um puto é uma espécie de hino que Sérgio Lucas usa para resumir a sua postura, tanto pessoal como profissional. “Enquanto formos putos continuamos a sonhar e acreditar que o amanhã será sempre melhor”, afirma. 
Ainda que tenha voltado à carpintaria, Sérgio Lucas não pretende desistir.




vencedor da 3ª edição do Ídolos
em 2009

Depois de vencer a terceira edição do Ídolos, Filipe Pinto precisou de deixar a poeira assentar. Feito o curso na escola de música em Londres, regressou a Portugal com alguns temas compostos e prepara-se para lançar o primeiro álbum. 

Ideias não lhe faltam: abriu uma empresa que junta música e natureza e até tem planos para criar cogumelos e caracóis.

Hoje, sente que está em dívida para com os que acreditaram nele e que tem “o dever de dar sentido ao que foi feito no Ídolos”. Para isso, tirou o máximo proveito do prémio do programa. Pela primeira vez na história do Ídolos, o vencedor recebia um curso de seis meses na London Music School. Filipe Pinto aplicou-se e foi considerado o melhor aluno da turma, na vertente de voz. Terminado o curso, sentiu que a cidade tinha mais para lhe dar. “Seis meses é muito pouco tempo. Senti que devia ir para outra escola para ter uma base de comparação”, afirma. Já por sua conta, escolheu a Morley College, onde passou mais três meses a consolidar conhecimentos.

Passaram dois anos e altura certa parece ter chegado. O EP foi lançado em Maio, o single Insónia já se faz ouvir nas rádios e tem chegado a alguns tops. No final do Verão chega o disco, com músicas exclusivamente em português, cantadas com aquela que Filipe Pinto considera ser a sua verdadeira voz. “No Ídolos as minhas influências surgiam muito à flor da pele e, por vezes, tentava adaptar a voz a um registo que não era bem o meu. O disco é o outro lado de Filipe Pinto”, refere o próprio. Um projecto que, ao contrário do que tinha acontecido com os vencedores anteriores, não teve participação, financiamento ou influência de nenhum elemento ligado ao programa.  

No caso de Filipe Pinto, o Ídolos está para a música, como o curso de Engenharia Florestal está para a natureza, ambos foram uma forma de concretizar uma paixão que ele não sabia como agarrar. “Este ano abri uma empresa relacionada com a música e o ambiente. Chama-se Filipe Pinto - Raízes do Som e pretende conciliar esses dois mundos que me apaixonam”. A ideia é simples: assistir a um concerto de Filipe Pinto e, no final, partir à descoberta do meio natural envolvente. As actividades ao ar livre podem incluir percursos pedestres, reconhecimento de cogumelos e aulas de apicultura. As possibilidades não se esgotam aqui, o que Filipe Pinto pretende “é sensibilizar para o ambiente por intermédio da música”, tarefa que também pode passar por parcerias com empresas para desenvolver acções de solidariedade social ou projectos com crianças. 

“A música é um canal através do qual eu sinto que posso e devo transmitir aquilo em que acredito e com que me preocupo”, afirma.





vencedora da 4ª edição do Ídolos
em 2010

A vencedora da quarta edição do Ídolos está desejosa de se ver livre desse título. Divide-se entre a preparação do primeiro álbum e concertos pelo país, mas ai de quem lhe peça para cantar as músicas do programa. Sandra Pereira quer afirmar a sua identidade e internacionalizar-se. Ideias para um nome artístico procuram-se.

“No Ídolos aprendi a calar-me. Às vezes apetecia-me dizer certas coisas, mas era preciso estar ali bem comportada e guardar o ‘monstrinho’ cá dentro”, afirma. Vendo com a devida atenção as imagens do primeiro encontro com o júri, descobrem-se os momentos de conflito entre a cantora e o “monstrinho” da impulsividade. É vê-la morder a língua, literalmente. “O Ídolos não é uma escola de música, é uma escola de controlar emoções, ímpetos e génio”, conclui.

Música, aprendeu realmente na capital inglesa, longe do formato televisivo, mas graças a ele – o curso foi o prémio por ter vencido o programa. Mudou-se para Londres e, durante seis meses, foi aluna da London Music School. “Lá não somos os vencedores de nada”, afirma a cantora. Na escola, foi bem recebida por professores e colegas que, ao ouvi-la cantar pela primeira vez, pediram bis. Por outro lado, a relação com a cidade foi-se deteriorando. 

“O clima e a agitação de Londres só foram bons no início. Depois, comecei a não gostar e tive momentos complicados em que estava sozinha e ficava muito em baixo”. Isto fez com que as viagens entre Portugal e Inglaterra se intensificassem, chegando mesmo a acontecer a cada duas semanas. Ainda assim, Sandra Pereira aconselha qualquer pessoa a visitar a capital inglesa porque “tudo o que se passa no mundo passa por lá”.  

“Por vezes, a ideia de estar ligada ao Ídolos incomoda-me. Quero que as pessoas se lembrem que participei num concurso da mesma maneira que recordam outras coisas que fiz. Mas já me disseram que agora não gostam de mim porque não canto o que cantava no concurso. Acho isso muito injusto”, afirma.

A vontade de singrar na música é muita e Sandra Pereira reconhece que tem que fazer tudo para conquistar os mercados nacionais e estrangeiros. “Imagine-se alguém que, numa loja, pega num disco e na capa está escrito Sandra Pereira. É um nome feio, ninguém vai comprar aquilo. Ou então compra a achar que é pimba”, afirma entre risos. 
A solução? “Arranjar um nome artístico, afinal o Freddie Mercury também não se chamava assim”. A cantora ainda não sabe com que nome vai assinar, mas certo é que em nenhum autógrafo se vai ler: Um beijinho da Sandra do Ídolos.

resumo de uma série de entrevistas @ público




vencedor da 5ª edição do Ídolos
em 2012

Diogo Piçarra gravará um disco pela Universal, vai frequentar um curso de música em Londres e recebeu um carro Opel Corsa Go.

Mal abandonou os estúdios do "Ídolos", em Paço de Arcos, Diogo Piçarra rumou ao Hotel Holiday Inn, em Alfragide, onde brindou com André, o irmão gémeo, Alda, a mãe, e Fernando, o pai.

Logo no final, o vencedor confessava que não estava nada à espera de ganhar. “Estou de boca aberta! Ainda não caí na realidade e não sei bem o que dizer. Não estava nada à espera de chegar a esta fase, quanto mais de ser o vencedor, mas tentei mostrar o meu estilo, a minha personalidade e acho que foi isso que me ajudou a chegar até aqui. Num dia estava a ver a final do "Ídolos" e no outro estou eu a ganhar!”, desabafa Diogo.

Para ele, não foi só a sua boa voz e estilo que o levaram ao pódio... “Tive a sorte de as pessoas gostarem de mim. Daqui em diante vou ser o mesmo Diogo e espero que os que me apoiaram até aqui me continuem a seguir."


Crónica de Carlos Moreira no PtJornal

Acabou mais uma edição do programa caça talentos musicais ídolos. Diogo Piçarra foi o vencedor por entre milhares de candidatos de todo país, mas ao contrário do que seria de esperar, agora é que vão começar os problemas! Se não vejamos, ao longo de duas dezenas de anos de concursos televisivos com o objectivo de encontrar a voz de Portugal e ao fim de dezenas de talentos descobertos, poucos foram os que vingaram na música nacional em nome próprio.

O mercado português é muito pequeno, não há sítios para tocar, não há pessoas a investir nos músicos portugueses, não há inclusivé compositores a compor para os intérpretes. Por exemplo na vizinha Espanha aquando da primeira edição da  operação trinfo, foram vários os cantores que ficaram na ribalta.
Cada um no seu estilo o mercado espanhol ganhou uns quantos artistas novos, alguns deles que ainda hoje têm muito sucesso como é o caso de David Bisbal ou Alex Ubago. Pelo contrário no nosso país quase todos os vencedores de concursos acabam esquecidos ou com papeis secundários. Sandra Pereira por exemplo, a vencedora anterior do concursos Ídolos! Nunca mais se ouviu falar dela.
Provavelmente o melhor produto saído destes formatos televisivos tenha mesmo sido o primeiro. Sara Tavares, vencedora da primeira edição da chuva de estrelas, quando tinha apenas 16 anos, emitando Whitney Houston. No ano seguinte participou no festival da canção vencendo novamente.
Sara Tavares foi ao longo dos anos mudando a sua música para as suas raízes. Longe vão os tempos de “Chamar a música”, agora Sara Tavares faz o que vulgarmente é chamado de World Music e fá-lo muito bem, recebendo boas críticas dos seus álbuns. Não é tão mediática como quando apareceu no programa de televisão, mas a sua carreira é assim muito mais alicercada do que se andasse atrás do sucesso comercial.
Mais recentemente e noutro registo totalmente diferente, tivemos Filipe Pinto, que ganhou os Ídolos há um par de anos. Neste caso ainda não podemos aferir sobre o sua carreira, porque acaba de lançar agora o seu primeiro álbum, contudo há que reconhecer a integridade de um artista que com a facilidade de gravar um disco pouco tempo depois do final do concurso. À semelhança do que fez Sara Tavares, preferiu apostar na formação musical e só depois avançar para o álbum que compõs e escreveu na totalidade. A ver vamos o que sucede ao Filipe.
E ao Diogo e à Mariana e ao João Santos e...


1 bitaite(s):

Tenho que defender um pouco a Sandra, já que, quem questiona "onde anda a Sandra?", anda um pouco distraído. A Sandra gravou um tema no álbum do Laurent Filipe, foi a voz, por duas vezes, do "peso pesado" da Sic, fez vários concertos (e alguns em que participou não é para qualquer um/uma), esteve em Londres na escola de música, e querem o quê? Os álbuns não aparecem num abrir e fechar de olhos! O Filipe Pinto(de quem não gosto, por sinal) tem um ano de avanço e só agora é que começa a ouvir-se na rádio. Eu confio na sandra e acho que está aí para as curvas!

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