Melanie Oliveira, que sofre de esclerose múltipla, levou no pensamento todos os doentes crónicos portugueses que lutam por uma
vida normal quando transportou a tocha olímpica pelas ruas de Londres.
A ideia foi de Manuela Valério, directora de recursos
humanos regional da British Airways, que admira a atitude da
colega perante os sintomas da doença, que incluem fadiga, dores e
problemas de coordenação e equilíbrio; a nomeação acabou por ser feita pelos colegas de trabalho.
A gestora de clientes, de 38 anos, continua a trabalhar a um
ritmo intensivo, incluindo muitas vezes horas extraordinárias e
fins-de-semana.
“Com a doença que tem, continua a ser uma pessoa extraordinária, porque
durante o dia-a-dia não demonstra. É uma pessoa muito activa, com um
grande sentido de humor”, afirmou Manuela Valério à Lusa.
A portuguesa foi escolhida entre 470 empregados que se candidataram a
nível internacional e juntou-se aos muitos portadores da tocha a quem os
organizadores chamaram “pessoas normais extraordinárias” por feitos
pessoais ou em prol de causas.
Melanie declarou-se “eufórica” com a experiência, mas não
esqueceu os muitos amigos e pessoas com quem se cruza em hospitais e
associações de apoio a doentes crónicos.
“Eu estou contente porque não estou cá só por mim. Estou cá porque
tenho uma doença crónica e por isso estou a representar todos aqueles
doentes crónicos que vivem uma vida diariamente diferente das pessoas
que não têm nenhuma doença. Estou contente por estar a representar essas
pessoas”, afirmou.
Após saber que tinha sido escolhida para transportar a tocha dos Jogos
Olímpicos Londres-2012, Melanie colocou uma mensagem no facebook e
recebeu emails de apoio de quase uma centena de pessoas – a primeira das
quais o amigo Tomás, que sofre de doença renal.
Os nomes foram impressos e a lista viajou no bolso de Melanie como
forma de solidariedade com outros doentes crónicos que enfrentam
dificuldades no quotidiano.
melanie faz um mimo ao filho |
No caso de Melanie, a doença revela-se diariamente no cansaço, falta de
equilíbrio e dormência no corpo, tendo sofrido recentemente um surto
que lhe afectou a visão.
“A doença pode manifestar-se de formas diferentes. O que é triste é
que, quando as pessoas olham para nós, acham que somos pessoas
perfeitamente normais”, lamentou.
“Eu vou no metro, posso ir com uma falta de equilíbrio brutal, e ninguém me dá o lugar para eu me sentar”, exemplificou.
Também o pai, Eduardo Oliveira e Silva, director do i, que
integrou uma “claque” de familiares e amigos que correram com Melanie o
trajecto de cerca de 300 metros, destacou o “exemplo de coragem e de
força. Mas não é a única, há muitos exemplos”, garantiu.
@ ionline
Durante a manhã do 66.º dia da viagem pelo Reino Unido iniciada a 18 de
maio, a chama olímpica também foi transportada pelo português Jorge
Gonçalves, presidente da Associação de Imagem e Som Europeia, na zona de
Bromley.
Ao todo, a tocha olímpica será transportada por oito mil pessoas ao longo de oito mil milhas (12.874 quilómetros) até à chegada a 27 de julho ao Estádio Olímpico, durante a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.
Ao todo, a tocha olímpica será transportada por oito mil pessoas ao longo de oito mil milhas (12.874 quilómetros) até à chegada a 27 de julho ao Estádio Olímpico, durante a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.
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